Chega-se
a Pentecoste pela CE 162, rodovia cearense que corta a cidade ao meio. Entre o
corte, avista-se um buraco profundo. Do lado esquerdo, ao longe, se vislumbra
um tapete azulado a lembrar o mundo d’água que não está mais ali. A água se
afastou da estrada e deixou a parede do açude livre para brotar um verde
desbotado que em nada lembra a fartura. Ao direcionar a cabeça para o outro
lado da rodovia, se ver uma imensidão verde, com pontos circulares de concreto.
O que os moradores identificam como “o maior centro de pesquisa em aquicultura
da América Latina”, mantido pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca
(DNOCS), padece com a fuga das águas. Na manhã de sábado (26), a equipe do
Memorial do PRECE, ao chegar à beira do buraco, desviou o caminho por uma
pequena estrada de terra, em direção ao centro de pesquisa, onde funciona a
Escola Popular Cooperativa (EPC) de Pentecoste.
À noite,
estudantes da EPC Pentecoste e a equipe do Memorial do PRECE, como parte da abertura da
exposição itinerante “PRECE 20 anos”, compartilharam as histórias que
constituem àquele grupo. Nesse encontro, à frente da sala onde a EPC tem abrigo
e à beira de um pequeno lago povoado por pirarucus, sob um céu ocupado por
estrelas, se fez uma roda de conversa, onde as histórias se entrelaçaram na
construção de uma memória em comum. Tony Ramos, professor da Escola de Educação
Profissionalizante de Pentecoste, e Shirlene Castro, professora de geografia, contaram
sobre a ida de um grupo de estudantes, moradores da sede do município, à comunidade
de Cipó, na zona rural. Anos mais tarde, o grupo criou um núcleo do PRECE no
centro de Pentecoste. Tony começou a contar a história, Shirlene o completou e
foi seguida por outro e mais outro e mais outro. As falas se entrelaçaram e com
interpretações diversas sobre as experiências vividas se construiu a narrativa contada àquela noite.
Roda de Conversa com a EPC Xixá |
À tarde,
um grupo de estudantes da EPC Xixá chegou à EPC Pentecoste. Como Xixá não pôde
receber a mostra, os estudantes decidiram participar do espaço na EPC
Pentecoste. O grupo, após visitar a exposição, se reuniu com a equipe do
Memorial do PRECE para compartilhar suas histórias de vida. Lauriston Barroso,
membro da EPC Pentecoste e estudante de matemática, contou ao grupo como chegou
àquele espaço e porque, após precisar se afastar para trabalhar, ao ingressar em
uma universidade retornou para ajudar os que continuavam ali. Lauriston diz que
foi “o único da sua casa que escapou”, entre os seis irmãos, foi o único a buscar
na educação o seu destino. Na sua narrativa, fala de gratidão, afeto e
compromisso. Xixá e Pentecoste compartilharam suas histórias de encontros e
transformações individuais.
Montagem da exposição |
A
Exposição “PRECE 20 anos” fica até sexta-feira (02), na EPC Pentecoste.
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