“Pentecoste é a terra do peixe”.
O viajante que sai de Fortaleza com destino à cidade depara-se com um
avantajado peixe a reivindicar o título à beira do açude. Se atravessar a
estrada que corta o que deveria ser uma imensidão d’água chega ao outro lado do
açude Pereira de Miranda, para melhor dizer, à ombreira esquerda. Um forasteiro
desavisado pode chegar e sair da comunidade sem saber que ali é o bairro São
Pedro. Os bairros que se interligam pela estrada são as ombreiras, a direita e
a esquerda. A ombreira direita, residência da estátua do peixe ostentação, não
ostenta a nomeação. Se indagar sobre a localidade da Ombreira é desnecessário
dizer se é a esquerda ou a direita, o informante logo o direcionará à esquerda
do açude. Na entrada da comunidade de São Pedro, um prédio gradeado, à margem
do açude, chama a atenção. Ali, no início dos anos 2000, era lugar de desgosto
dos moradores do bairro. Abandonado e sujo o local só causava aborrecimentos à
população. Certo dia, um menino de dez anos, o Carlinhos, viu uma movimentação
estranha e aproximou-se, até hoje permanece ali.
Roda de conversa durante a abertura da Exposição PRECE 20 anos, em Ombreira |
Em 2004, a EPC Pentecoste, a
primeira multiplicação do PRECE, completou dois anos, quando Ana Maria Andrade,
que cresceu na comunidade de Ombreira, sugeriu a criação de uma escola popular
naquele prédio que tanto incomodava seus antigos vizinhos. Com o direito de uso
autorizado, o grupo organizou um mutirão e iniciaram a limpeza e ocupação do
local. Carlos Augusto, precista e estudante de Engenharia de Energias, conta
que se aproximou da EPC neste dia e nunca mais parou de participar das
atividades propostas naquele lugar. Antes, ali era espaço de
brincadeiras e, à noite, os pais proibiam que as crianças lá ficassem, porque havia
“babau”. Carlinhos, como todos o chamam, relembra quando Dona Rosinha, que mora
em uma região mais afastada do bairro, caminhava até a EPC chamando as crianças
que encontrava pelo caminho para irem estudar. A história do menino se uniu a
história daquele grupo de estudantes, “a história do PRECE é a nossa história.
Eu vivenciei o PRECE”. Como um dos coordenadores da EPC, ele defende que compartilhar a história do movimento precista é um primeiro passo para buscar a
transformação da comunidade. Carlos diz que o PRECE é algo
que faz parte de quem ele é, “me identifico não só como EPC Ombreira, mas como
PRECE”.
Estudantes da EPC Pentecoste participaram
da roda de conversa. Tony Ramos, professor da Escola de Educação
Profissionalizante de Pentecoste, conta que participou da limpeza do local e
rir satisfeito ao confirmar que literalmente derramou suor para a organização
daquele grupo. Magelo Braga, que já foi morador do bairro, ao se identificar fala o nome da sua avó. “Esse menino é filho da Lúcia?”, após breve pausa reflexiva,
espantou-se Dona Berenice.
Exposição PRECE 20 anos |
A Exposição PRECE 20 anos fica
até sexta-feira, 18, na EPC Ombreira.
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