terça-feira, 15 de setembro de 2015

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EPC Ombreira recebe exposição itinerante do PRECE

“Pentecoste é a terra do peixe”. O viajante que sai de Fortaleza com destino à cidade depara-se com um avantajado peixe a reivindicar o título à beira do açude. Se atravessar a estrada que corta o que deveria ser uma imensidão d’água chega ao outro lado do açude Pereira de Miranda, para melhor dizer, à ombreira esquerda. Um forasteiro desavisado pode chegar e sair da comunidade sem saber que ali é o bairro São Pedro. Os bairros que se interligam pela estrada são as ombreiras, a direita e a esquerda. A ombreira direita, residência da estátua do peixe ostentação, não ostenta a nomeação. Se indagar sobre a localidade da Ombreira é desnecessário dizer se é a esquerda ou a direita, o informante logo o direcionará à esquerda do açude. Na entrada da comunidade de São Pedro, um prédio gradeado, à margem do açude, chama a atenção. Ali, no início dos anos 2000, era lugar de desgosto dos moradores do bairro. Abandonado e sujo o local só causava aborrecimentos à população. Certo dia, um menino de dez anos, o Carlinhos, viu uma movimentação estranha e aproximou-se, até hoje permanece ali.

Roda de conversa durante a abertura da
Exposição PRECE 20 anos, em Ombreira
Na noite de sábado (12), a Escola Popular Cooperativa (EPC) Ombreira realizou a abertura da exposição itinerante PRECE 20 anos. Com uma roda de conversa sobre a escola popular e a sua relação com a comunidade, a equipe do Memorial do PRECE e os moradores do bairro compartilharam suas experiências com o PRECE. Dona Berenice conta que a ocupação do local foi uma graça de Deus. O grupo que passou a usar o local foi a resposta às suas orações. O prédio pertence ao Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), desativado recebeu usos diversos, durante o dia, era lugar de brincadeiras das crianças, à noite, segundo os moradores, era local de uso de drogas. “Era uma barulheira”, continua Berenice, “sábado e domingo ninguém dormia. Menino, é muito ruim acordar com zoada, ave maria!”, desabafa agradecida aos céus pela chegada do PRECE.
Dona Berenice conversa com a estudante Alzira Andrade
Em 2004, a EPC Pentecoste, a primeira multiplicação do PRECE, completou dois anos, quando Ana Maria Andrade, que cresceu na comunidade de Ombreira, sugeriu a criação de uma escola popular naquele prédio que tanto incomodava seus antigos vizinhos. Com o direito de uso autorizado, o grupo organizou um mutirão e iniciaram a limpeza e ocupação do local. Carlos Augusto, precista e estudante de Engenharia de Energias, conta que se aproximou da EPC neste dia e nunca mais parou de participar das atividades propostas naquele lugar. Antes, ali era espaço de brincadeiras e, à noite, os pais proibiam que as crianças lá ficassem, porque havia “babau”. Carlinhos, como todos o chamam, relembra quando Dona Rosinha, que mora em uma região mais afastada do bairro, caminhava até a EPC chamando as crianças que encontrava pelo caminho para irem estudar. A história do menino se uniu a história daquele grupo de estudantes, “a história do PRECE é a nossa história. Eu vivenciei o PRECE”. Como um dos coordenadores da EPC, ele defende que compartilhar a história do movimento precista é um primeiro passo para buscar a transformação da comunidade. Carlos diz que o PRECE é algo que faz parte de quem ele é, “me identifico não só como EPC Ombreira, mas como PRECE”.

O precista Carlos Augusto, Carlinhos
Estudantes da EPC Pentecoste participaram da roda de conversa. Tony Ramos, professor da Escola de Educação Profissionalizante de Pentecoste, conta que participou da limpeza do local e rir satisfeito ao confirmar que literalmente derramou suor para a organização daquele grupo. Magelo Braga, que já foi morador do bairro, ao se identificar fala o nome da sua avó. “Esse menino é filho da Lúcia?”, após breve pausa reflexiva, espantou-se Dona Berenice.

Exposição PRECE 20 anos
A Exposição PRECE 20 anos fica até sexta-feira, 18, na EPC Ombreira.

terça-feira, setembro 15, 2015

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