ORAÇÃO DE UM PRECISTA
Senhor,
Eu
não nasci num berço de ouro, meus pais não são ricos e por isso não tive acesso
às melhores escolas. Tenho estudado com dificuldades, não pude comprar os
livros necessários, nem me foi dado acesso a informações importantes e
necessárias a minha educação.
Quando
nasci, muitos achavam que eu nunca deveria estudar, mas se estudasse que
certamente apenas aprenderia a ler e escrever meu nome,
ou
quem sabe concluiria o ensino fundamental e quando muito poderia terminar o
ensino médio.
Alguns
ainda acham que eu deveria permanecer na ignorância, que deveria trabalhar de
aluguel para ganhar R$ 5,00 por dia.
Há
alguns que até me aconselham a ir morar na capital e mendigar algum emprego.
Outras
pessoas me falam que se eu não quiser ir, posso por sorte arranjar um emprego
com algum político o que me tiraria o direito de expressar minhas idéias e
opiniões, e talvez até condenaria toda
minha descendência a ter o mesmo futuro que eu.
Meu
Deus, eu aprendi a ler, mas não estou me conformando em não entender o que
leio.
Também
não estou me conformando em não saber falar direito, não saber dizer o que penso,
nem defender minha opinião.
Por
ai me chamam de burro e dizem que eu não tenho inteligência.
Que
por ser pobre eu tenho que ser assim, que os pobres nasceram para trabalhar
para os ricos e que isso não muda por que tu queres assim.
Senhor,
eu não entendo porque tu me destes inteligência mas não posso estimulá-la,
aplicá-la.
Às
vezes eu me pergunto. Por que não posso ter muitos livros, por que na minha
casa não posso ter uma biblioteca?
Por
que a minha escola é tão pobre?
Por
que meus professores apesar de dedicados são tão desvalorizados pelos governos
que os pagam?
Por
que não posso competir de igual para igual com os filhos dos ricos?
Eu
não acredito que tudo isso seja da tua vontade.
Senhor,
eu acho que isso é invenção de quem quer me usar, de quem ganharia se eu
continuasse assim, de alguém que está tirando vantagem da minha situação de
pobreza, de minha vida sem estudos.
Eu
acho que essas pessoas querem mandar em mim, nos meus filhos, nos meus netos.
Não
querem que eu mude o meu destino.
Uma
vez, Senhor, eu li na tua palavra que teu filho Jesus disse que a aquele que
tivesse fé poderia mover montanhas e eu acho que vou acreditar nele para mudar
isso.
Senhor
ajuda-me na minha falta de fé, eu preciso lutar.
Mas
se eu enfrentar essa luta Senhor, dá-me a força para vencer todas as
dificuldades. Mesmo sabendo que não tenho as mesmas condições que outros, me
ajude a não me acovardar, ou desanimar.
Dá-me
a fé para acreditar que serei vencedor na minha caminhada de estudante.
Senhor,
mesmo que alguns me desestimulem, eu te peço, não me deixes fracassar.
Eu
tenho medo de não conseguir e ser motivo de riso deles. Por isso, seja a minha
força, Ensina-me a trilhar os caminhos que me levarão aonde devo chegar.
Livre-me
dos atalhos, das veredas que parecem me farão chegar mais rápido, mas que na
verdade são desvios dos meus objetivos.
Senhor,
mas quando eu conseguir, te peço:
Se
me deres a riqueza, não me tires a felicidade;
Se
me deres a força, não me tires a sensibilidade;
E
não permita que eu perca a humildade, conserva-me apenas o orgulho da
dignidade.
Quando
bem sucedido, não me deixes ser atingido pela ilusão da glória.
Ajuda-me
a dizer sempre a verdade na presença dos fortes, e jamais dizer mentiras para
ganhar os aplausos dos fracos.
E
finalmente Senhor, não me deixe esquecer o meu pai, a minha mãe, os meus
irmãos, os meus amigos, o meu povo, a minha comunidade. Não permita que eu os
abandone, mas que eu seja um instrumento nas tuas mãos para ajudá-los.
Autor: Manoel Andrade Neto
Autor: Manoel Andrade Neto
Escrito para a festa do 7º
aniversário do PRECE
MANDACARU FLORESCENDO É CHUVA CHEGANDO NO SERTÃO
E
Chuva chegando no sertão é sinal de abundância.
É
sinal de bom emprego, de boa escola, de hospitais bem aparelhados, de plena
cidadania, de homens e mulheres felizes, de ladrões na cadeia, de liberdade de
votar,
De
liberdade para falar ou ficar calado,
É
conhecimento para saber escolher seu futuro.
É ver
nossos velhos sonhando por esperarem não pela morte, mas por uma velhice segura
e assistida.
É ver
nossos jovens tendo visões e não serem tratados como massa de manobra, como
meros objetos do poder.
É ser
construtor do próprio destino.
É não
viver encabrestado, como bois tangidos pelo dono.
É
viver como homens e mulheres livres, livres do medo de falar ou de calar,
Livres
do medo de serem felizes
Livres
da humilhação de sempre pedir e nunca poder dar.
É
poder chorar de alegria de ver seu filho ensinado, formado, empregado.
É
nunca ter medo de vencer, por saber com certeza que a vitória é certa, pois é
normal,
Que é
pra todos, não só para os que têm dinheiro.
É
vermos os filhos dos filhos dos nossos filhos.
É
acima de tudo, ser o que Deus quer que nós sejamos: homens, mulheres e crianças
livres e com o coração cheio de alegria, acreditando na justiça, no amor e
vivenciando a paz.
Experimentando
o prazer e o privilégio de amar e ser amado.
Irmãos,
o mandacaru está florescendo e nosso Deus muito em breve mandará chuva para o
nosso sertão.
Esse
projeto educacional é um sinal da graça do nosso Deus, não percamos a fé.
Autor: Professor Manoel Andrade
Escrito para a festa do 7º aniversário do PRECE
O FLORESCER DO MANDACARU É SINAL DE ESPERANÇA
É
chuva que chega no sertão.
É
sinal de alegria, mesmo nas dificuldades
É
mostrar pétalas quando não há folhas
É a
espera do fruto
É a
produção de alimento
É a
perpetuação da espécie mesmo sem as condições adequadas
É o
riso sem dentes porque não há dentistas.
Florescer
antes da chuva, é acreditar que vai conseguir quando o sol está queimando.
É usar
todo metabolismo para produzir flor.
Quando
ele floresce, enche de esperança as outras vidas
Ele
não floresce para ser belo, mas para trazer esperança.
É como
o menino que estuda sem saber aonde vai chegar.
É como
pai que coloca seu filho na escola que deixa de lhe ajudar,
mesmo
trabalhando mais e não sabendo quando chegará a colheita.
É como
o estudante que se agarra aos estudos,
mesmo
sem ter os livros, sem ter a comida suficiente, sem ter a escola, sem ter a
ajuda necessária.
É como
a mãe que libera o filho que sai para estudar, com a esperança de um dia voltar
trazendo na mala educação e ajuda.
É
sentir na pele a necessidade de esperar por dias melhores, porque se não tiver
esperança morre.
Mandacaru
florescendo, é como o jovem que sai do seu lugar, deixa seu pai deixa sua mãe
seus amigos
e vai
para uma terra longe na esperança de aprender e trazer melhora para os seus.
É Sair
da Canafístula, do Mulungu, da Boa vista... E ir ao cipó a pé, sob o sol
causticante, com a esperança que um dia chova no seu roçado ele passe no
vestibular e a vida mude.
É
estando em fortaleza, na universidade, voltar para o seu povo, para sua terra,
para sua casa, para o seu amigo, e trazer ações e notícias alvissareiras de um
novo tempo, de um novo mundo, de uma nova vida.
É
construir esperança no coração dos que ficaram, dos que ainda resistem, dos que
já acreditam, dos que ainda precisam.
É
pensar que pode ajudar, que pode mudar,
que
pode dar o seu sangue o seu suor para que haja uma vida melhor.
É
mesmo em um mundo onde impera o egoísmo, se preocupar com os outros,
É
acreditar que se tem fome e sede de justiça um dia será farto.
É
acreditar que nossas comunidades podem mudar
Que
nosso povo pode viver dignamente, que pode haver bons hospitais, que nossos
filhos podem ter boas escolas.
É,
sobretudo, acreditar que vale a pena crer, mesmo quando não há ovelhas no
pasto, ou o milho não bonecou, o feijão incriquiou e não bajiou, a chuva veio,
mas voltou.
É
lançar o pão às águas na esperança de achá-lo depois de muitos dias.
É
esperar que um dia saberemos falar, argumentar,
Para
não sermos ludibriados pelos que usam a palavra como instrumento de enganação.
Autor: Professor Manoel Andrade
Autor: Professor Manoel Andrade
Escrito para a festa
do 7º aniversário do PRECE
FELIZ É O PAI QUE TEM UM FILHO PRECISTA
Lembra-nos de oração
Lembra-nos que Deus existe
Lembra-nos de gratidão
Mas no PRECE aqui da terra
A verdade não se enterra
Lembra-nos de Educação
Todo pai tem um desejo
No seu íntimo bem guardado
É de um dia ver seu filho
Ser um doutor bem formado
Ninguém quer ver seu rebento
Pra tirar o seu sustento
Ter brocar um roçado
E eu não sou diferente
Também fui agricultor
Já puxei cobra pros pés
Na vida de lavrador
Meu sonho é realizado
Pois tenho um filho formado
Na vida de professor
E isso graças ao PRECE
Um programa inovador
Que nasceu numa mente sã
De um cabra batalhador
Desses que não fica quieto
Manoel Andrade Neto
Foi seu grande criador
E hoje eu digo com fé
O que todo pai merece
É ter um filho formado
Que a EDUCAÇÃO conhece
Levantando os olhos seus
Fazendo uma Prece a Deus
Pra ter um filho no PRECE!
QUERO FALAR DE UMA COISA
Quero falar de uma gente teimosa que se reunia em plena casa de farinha, à luz das lamparinas e à luz da cooperação, em busca de um novo caminho, de um novo tempo e de uma nova história.
Quero falar de uma gente que resolveu apoiar a quem ainda nem mesmo acreditava que filho de agricultor podia sentar no banco da universidade.
Quero falar de uma gente que semeava esperança, que se tornou professor, mestre e doutor em solidariedade. De uma gente que não conhecia o futuro, mas tinha certeza que não viveria para repetir o passado. De uma gente que compartilhava o conhecimento, a comida, o sofrimento e os sonhos e que encarava a tarefa enfadonha do estudo, horas e horas e noites a fio.
Quero falar de superação, de histórias de vidas, de filhos, de filhas, de pais e mães que tiveram a oportunidade de escrever e mais que isso, que tiveram a capacidade de modificar sua própria história. Quero falar de uma gente que vivia à margem, que não tinha acesso, que era excluída e de uma gente que se tornou protagonista, autônoma.
Quero falar de uma gente que mesmo depois de ter uma família constituída se atreveu a desafiar as leis do tempo e o generalismo da sociedade e entrou na universidade junto com a filha. De uma gente que abre as portas da casa, partilha a vida e faz escola.
Quero falar de uma atitude ou de várias atitudes, de uma cultura nova de ser não apenas um e sim parte de um todo. De uma gente que não desiste, que encara chuva, poeira, lama e encara o esquecimento do poder público.
Quero falar de uma gente que resiste às intempéries do tempo e estuda embaixo de árvore, em praças, em barracas de palha e em casa de amigo. De uma gente que pega a estrada altas horas da noite e acorda cedo para cooperar com quem ainda tem muito a aprender.
Quero falar de uma gente que troca o fim de semana de lazer pelas aulas de Redação, de Biologia, de Química, pelas aulas de contribuição social, de aprendizagem cooperativa e de mútua educação.
Quero falar de um jovem movimento chamado PRECE que chega aos 18 com jeito de 25 ou 30 anos e com ares de quem já viveu muito, na história contada por cada dos precistas.
E como bem diz a música inspiradora de Miltom, o PRECE é e sempre será coração, juventude e fé.
Autor: Aurenir Sales Luz
18 de outubro de 2011
Quero falar de uma gente que resolveu apoiar a quem ainda nem mesmo acreditava que filho de agricultor podia sentar no banco da universidade.
Quero falar de uma gente que semeava esperança, que se tornou professor, mestre e doutor em solidariedade. De uma gente que não conhecia o futuro, mas tinha certeza que não viveria para repetir o passado. De uma gente que compartilhava o conhecimento, a comida, o sofrimento e os sonhos e que encarava a tarefa enfadonha do estudo, horas e horas e noites a fio.
Quero falar de superação, de histórias de vidas, de filhos, de filhas, de pais e mães que tiveram a oportunidade de escrever e mais que isso, que tiveram a capacidade de modificar sua própria história. Quero falar de uma gente que vivia à margem, que não tinha acesso, que era excluída e de uma gente que se tornou protagonista, autônoma.
Quero falar de uma gente que mesmo depois de ter uma família constituída se atreveu a desafiar as leis do tempo e o generalismo da sociedade e entrou na universidade junto com a filha. De uma gente que abre as portas da casa, partilha a vida e faz escola.
Quero falar de uma atitude ou de várias atitudes, de uma cultura nova de ser não apenas um e sim parte de um todo. De uma gente que não desiste, que encara chuva, poeira, lama e encara o esquecimento do poder público.
Quero falar de uma gente que resiste às intempéries do tempo e estuda embaixo de árvore, em praças, em barracas de palha e em casa de amigo. De uma gente que pega a estrada altas horas da noite e acorda cedo para cooperar com quem ainda tem muito a aprender.
Quero falar de uma gente que troca o fim de semana de lazer pelas aulas de Redação, de Biologia, de Química, pelas aulas de contribuição social, de aprendizagem cooperativa e de mútua educação.
Quero falar de um jovem movimento chamado PRECE que chega aos 18 com jeito de 25 ou 30 anos e com ares de quem já viveu muito, na história contada por cada dos precistas.
E como bem diz a música inspiradora de Miltom, o PRECE é e sempre será coração, juventude e fé.
Autor: Aurenir Sales Luz
18 de outubro de 2011
Essa é a história de sete estudantes
de seis rapazotes e uma moça só,
que moravam nas plagas lá do Pentecoste
no meio das brenhas do pequeno Cipó.
A vida era dura pra esses meninos,
que fora da escola sonhavam em saber
e mesmo com o descaso dos seus governantes
lutavam com a força pra poder vencer.
Seus pais eram pobres com pouca escola
e sonhavam pra eles um futuro melhor,
mas sem professores e com pouco dinheiro
não tinham saída e ninguém tinha dó.
O tempo passava, eles pensavam em sair,
deixar sua família, sua terra natal,
mudar pra cidade e buscar melhoria
pensando que isso não seria mau.
Mas seria bom pra eles saírem?
Deixar sua terra, seu pequeno torrão
pra morar na cidade vivendo em favelas
e trabalhar pros outros sob exploração?
Os muitos convites há muito chegavam
e eles com dúvidas, mas sem dizer não.
Procuravam encontrar outra alternativa
quem sabe um caminho, uma outra opção.
de seis rapazotes e uma moça só,
que moravam nas plagas lá do Pentecoste
no meio das brenhas do pequeno Cipó.
A vida era dura pra esses meninos,
que fora da escola sonhavam em saber
e mesmo com o descaso dos seus governantes
lutavam com a força pra poder vencer.
Seus pais eram pobres com pouca escola
e sonhavam pra eles um futuro melhor,
mas sem professores e com pouco dinheiro
não tinham saída e ninguém tinha dó.
O tempo passava, eles pensavam em sair,
deixar sua família, sua terra natal,
mudar pra cidade e buscar melhoria
pensando que isso não seria mau.
Mas seria bom pra eles saírem?
Deixar sua terra, seu pequeno torrão
pra morar na cidade vivendo em favelas
e trabalhar pros outros sob exploração?
Os muitos convites há muito chegavam
e eles com dúvidas, mas sem dizer não.
Procuravam encontrar outra alternativa
quem sabe um caminho, uma outra opção.
E aí de repente, entre eles surgiu
uma grande ideia que deu gosto de ver,
eles somaram o pouco que sabiam
e depois entre si dividiram o saber
Em dezoito de outubro de 94,
criaram um projeto de educação.
E os sete estudantes, cooperando entre si,
trouxeram esperança pro nosso sertão.
Brilhante projeto que faz diferença
que fala em dividir, mas faz multiplicação
que usa a estratégia de compartilhar
e tudo se aprende em cooperação.
Autor: Prof. Manoel Andrade Neto
18/07/2006
uma grande ideia que deu gosto de ver,
eles somaram o pouco que sabiam
e depois entre si dividiram o saber
Em dezoito de outubro de 94,
criaram um projeto de educação.
E os sete estudantes, cooperando entre si,
trouxeram esperança pro nosso sertão.
Brilhante projeto que faz diferença
que fala em dividir, mas faz multiplicação
que usa a estratégia de compartilhar
e tudo se aprende em cooperação.
Autor: Prof. Manoel Andrade Neto
18/07/2006