terça-feira, 11 de agosto de 2015

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A história do PRECE é contada em Muquém

Em Pentecoste (mas já pertinho de Paramoti), ao redor de uma capela cor de rosa; de uma escola amarela e de um campo de várzea, pigmentado por um verde fusco, se movem algumas dezenas de famílias a procura de permanecer no canto do mundo que escolheram para viver. O rio Canindé corta o lugar em duas bandas, mas, apesar de ter aparecido no início deste ano, as águas já não estão lá. O rio é lembrança. Naquele chão, por onde corriam peixes, as cabras procuram pasto e abrigo do sol.  Aos sábados à tarde, a igreja rosada acolhe as reuniões da associação de moradores. A comunidade se ergue entre orações, louvores e a discussão coletiva. No estar junto se faz a política, sem filiações de nenhuma nuance, a terra e o desejo de melhor viver transformam vizinhos em companheiros.  Em 2004, Muquém viu sua rotina alterada: dois estudantes, Evilene e Luciano, filhos de trabalhadores enraizados naquelas paragens, pegaram a estrada carroçal e seguiram a trilha de uma história que se espalhava entre a estigmatizada aridez daquele sertão. 11 anos depois, nesse sábado (08), a exposição “PRECE: 20 anos de protagonismo, cooperação e solidariedade” chegou à Escola Popular Cooperativa (EPC) Muquém.

Precistas responderam: o que representa o PRECE?
A roda de conversa com os membros da EPC iniciou com o compartilhamento das histórias de vida. O outro e o que o motiva a estar ali foi o ponto de partida da troca entre a equipe do memorial do PRECE e os estudantes e militantes da EPC. Lúcia, moradora da comunidade, logo que avistou a chegada dos visitantes foi ao encontro de conhece-los. Informada do que aconteceria àquela tarde, muniu-se de panfletos e saiu a espalha-los entre os amigos que viver ali lhe proporcionou. Fez questão de participar de todos os espaços e, ao perceber que a ajuda era solicitada, se prontificou a colaborar com a exposição durante esta semana. Alexsandro Silva, 18 anos, não mora ali. Primo de Mairla, precista e estudante de geografia, Alexsandro percebeu na experiência da prima um exemplo a seguir. “São os exemplos que motivam. A Mairla, por exemplo, nossa família não tem condições, jamais teria condições, até porque não tem ninguém na nossa família formado, a Mairla é a primeira [a ingressar em uma universidade]. Foi por isso que eu estou aqui, pelo exemplo dela, a superação, a conquista dela”. Movido por exemplos, Alexsandro, morador da comunidade de Carrapato, começou a participar da EPC em 2013. Aprovado, este ano, para o curso à distância de gestão de finanças, pretende continuar a colaborar com a troca de conhecimentos e de exemplos. O estudante acredita que a mostra itinerante ajuda a comunidade a conhecer a história do PRECE e ao perceber a importância do projeto tornar-se incentivadora. A exposição seria uma forma de propagar os exemplos.

Da direita para a esquerda: Mairla e Alexsandro
Depois das 4 da tarde, terminou a reunião da associação comunitária e alguns moradores foram à escola vê o que acontecia. Entre eles estava Anairton, agricultor  e pai de 5 filhos, três deles são precistas e universitários, “o caminho dos outros dois é chegar lá”. Para o agricultor, o PRECE ajudou a mudar a história da sua família, sem o projeto os filhos não teriam condições de ingressar em uma universidade: “porque pra filho de pobre fica difícil”. Nunca precisou cobrar nada dos filhos, “eles não querem perder um dia de aula”. O mais velho, Anailton, foi o primeiro a ir por essa vereda, depois o seguiram Nayane e Bruno. Anairton diz que, agora, ele e a comunidade esperam o retorno do trabalho desses jovens.  A dona de casa Neide, conta que não pôde estudar e que pouco sabe desse conhecimento dos livros, mas uma coisa lhe é certa: estudar é o caminho para buscar o crescimento da comunidade e sempre diz à filha, “ estude minha filha, estude”.

O agricultor Anairton
A exposição "PRECE 20 anos" ficará, em Muquém, até o dia 14 de agosto.

terça-feira, agosto 11, 2015

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