quinta-feira, 2 de julho de 2015

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UFC e SEDUC visitam a Escola de Educação Profissional de Pentecoste

Na terça-feira, 30, por volta das 7h, os estudantes Arineto, Marcirlanni e Laura chegavam à Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Alan Pinho Tabosa. Naquela manhã, a rotina não seguiria o seu curso. Os três estudantes tinham, junto com outros colegas, a tarefa de apresentarem o cotidiano vivenciado naquela escola nos últimos 4 anos. Em 21 de junho de 2011, Pentecoste, município cearense, inaugurava a sua primeira escola profissional, que tem em sua gestão uma parceria entre a Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC) e a Universidade Federal do Ceará (UFC).

Maurício Holanda, Secretário da Educação do Ceará,
e o reitor Henry Campos acompanham
à apresentação dos estudantes
O Secretário da Educação do Ceará, Maurício Holanda Maia, o reitor da UFC, Henry Campos e suas comitivas visitaram as dependências da escola, onde, nas salas de aulas, foram apresentados à metodologia, empregada para o ensino e aprendizagem, e aos projetos desenvolvidos pelos docentes e os estudantes. Divididos em grupos, os estudantes falaram sobre o cotidiano das aulas, nas quais, agrupados em “células de estudos”, realizam atividades orientadas pela metodologia da Aprendizagem Cooperativa (A.C.), empregada pelos docentes.

A estudante Marcirlanni Pontes (primeira à esquerda)
 apresenta, com colegas, a metodologia 
Questionados sobre a experiência com a A.C., os estudantes contaram as suas vivências com a metodologia dentro e fora da sala de aula. “Simplesmente falamos a nossa vivência, o nosso dia-a-dia, o que, todos os dias, acontece”, esclarece Marcirlanni Pontes, 16, estudante do 3º ano acadêmico. Moradora de Jucá, zona rural do município, a estudante relaciona a sua formação escolar com a sua participação em espaços de mobilização da comunidade: “Lá, na nossa comunidade, às vezes, reunimos todo mundo para discutir algum problema, principalmente agora com a falta d’água, e eu sou uma das que mais fala. A escola ajudou no meu desenvolvimento”, conta satisfeita ao associar a autonomia desenvolvida com o auxílio das práticas da escola com a sua atuação na localidade onde vive.

O estudante Arineto Costa, do 3º ano de informática, contou sobre como conheceu a A. C. antes de ser estudante da escola:



A Aprendizagem Cooperativa (A.C.), o PRECE e a UFC

Utilizada como metodologia da EEEP de Pentecoste, a A. C. foi elaborada a partir da experiência vivenciada pelo Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE), criado em 1994, em Cipó, comunidade rural de Pentecoste. Sete estudantes, em situação escolar irregular, foram viver de forma comunitária em uma casa de fazer farinha desativada, com o intuito de estudarem para ingressarem em uma universidade pública. Empiricamente, de acordo com as dificuldades encontradas na rotina de estudos, desenvolveram um método baseado no auxílio mútuo, na atitude cooperativa e solidária. Com o ingresso progressivo desses estudantes na UFC, a metodologia chegou à universidade.

No espaço acadêmico formal, foram reconhecidas semelhanças do método dos estudantes de Cipó com a metodologia desenvolvida pelos irmãos David W. e Roger T. Johnson. A união entre a prática cearense e a teoria dos irmãos Johnson possibilitou a elaboração do método empregado pela SEDUC e a UFC na EEEP Alan Pinho Tabosa, nas turmas de Agroindústria, Informática, Aquicultura e Acadêmica.

Projetos desenvolvidos pela escola

Fora da sala de aula, os estudantes participam de projetos que auxiliam o progresso do aprendizado e a prática cooperativa. Laura Sales, 17, estudante do 3º ano acadêmico, compartilhou a sua experiência com o projeto “Revisores Solidários”, no qual estuda atualidades e os critérios usados na correção da redação do ENEM. Os participantes do projeto auxiliam no processo de correção dos textos de colegas. A prática permite aos estudantes colaborarem com o projeto “Letras Solidárias”, que constrói uma rede de revisores espalhados pelo mundo. No próximo semestre o Revisores Solidários, sob orientação da professora Catarina Matos, irá ser aplicado nas escolas Etelvina Gomes Bezerra e Tabelião José Ribeiro Guimarães. Para Laura, a busca por uma educação de qualidade deve ultrapassar os murros da escola. “Ver alguém pedindo ajuda e poder colaborar é muito importante para a gente”, explica a estudante.


Laura Sales conta sobre a sua experiência
com o projeto Revisores Solidários
Ao lado de projetos como o “Promotores de Leitura”, que estimula a leitura e a troca de livros entre os estudantes, e o “Produção textual básica e atualidades”, que discute atualidades para a produção de textos dissertativos, a escola desenvolve ações comunitárias em parceria com o PRECE. Os núcleos do PRECE são as Escolas Populares Cooperativas (EPCs). A EPC Pentecoste, em parceria com a escola profissional, desenvolve o projeto Estudante Cooperativo I e III. O primeiro é destinado a crianças do ensino fundamental I, o último a estudantes do 8º e 9º ano. O Estudante Cooperativo II está planejado para atender crianças do 5º e 6º ano, em breve. Os estudantes Letícia Galvão e Willian Araújo, facilitadores do projeto, apresentaram às comitivas o Walysson e o João Vitor, que explicaram sobre o Projeto:



Curso de Liderança Cooperativa e Solidária

Após conhecer a metodologia e os projetos desenvolvidos pela escola, as comitivas participaram da cerimônia de entrega de certificados do curso de Liderança Cooperativa e Solidária. Os alunos participam das aulas organizados em células de estudos. Em uma turma com 45 alunos, são 15 células, cada uma com três estudantes divididos com funções específicas que se alternam ao fim de cada ciclo de ensino (semestre). Um desses alunos tem a função de facilitar a aplicação das atividades, um auxiliar direto do professor, chamado de coordenador de célula. Esse grupo funciona de acordo com as aplicações metodológicas da A.C., o que os torna “células de estudo”, onde cada membro exerce uma função vital para o êxito das tarefas, a falha de um compromete a meta coletiva, o que torna necessária a ajuda mútua para o bom funcionamento da célula.
A psicóloga Laís Leite apresenta o curso
de Liderança Cooperativa e Solidária
O curso de Liderança Cooperativa e Solidária foi elaborado e aplicado neste semestre, com duração de dois meses. Anteriormente, era aplicado um curso de formação de coordenadores de células, com duração de uma semana. A psicóloga Laís Leite, responsável pela oficina de comunicação não verbal (ou linguagem corporal) explica que a metodologia é estruturada para naturalizar a prática da cooperação. A estrutura leva ao desenvolvimento de competências subjetivas. Laís defende que há melhores rendimentos acadêmicos quando a metodologia atrela o desenvolvimento de clima emocional positivo à preocupação com o desenvolvimento cognitivo. Essa metodologia promoveria o amadurecimento de competências sociais. “Resultados estatísticos mostram que desenvolver uma [competência] ajuda a desenvolver a outra”, contextualiza Laís ao explicar o funcionamento da A. C..

O professor de história, Magelo Braga, explica que o curso de Liderança Cooperativa e Solidária é uma forma de auxiliar os alunos a compreenderem o funcionamento do método usado em sala. Destinado a alunos que atuam como coordenadores de células, o curso pretende estimular o questionamento e o aperfeiçoamento da prática. “No próximo semestre, uma nova turma de coordenadores de células fará o curso, a ideia é que a função e a formação sejam rotativas”, contextualiza Magelo.

Cerimônia


Na quadra, os visitantes participaram da cerimônia de entrega de certificados do Curso de Liderança Cooperativa e Solidária. Os estudantes realizaram apresentações artísticas e receberam os certificados das mãos de amigos e professores. À mesa, estavam presentes a prefeita Ivoneide Moura, políticos locais e professores de escolas vizinhas e da CREDE. A Professora Maria Otília Nunes, amiga da EEEP Alan Pinho Tabosa, estava na plateia junto aos estudantes. O reitor, Henry Campos, e o vice-reitor Custódio Almeida estavam ao lado do Secretário de Educação, Maurício Holanda Maia e de Eudoro Santana.

Grupo reunido após a cerimônia
A metodologia da escola Alan Pinho é elaborada e aplicada em parceria com a UFC. O reitor, Henry Campos, defende a troca de saberes entre os diferentes níveis de formação como indispensável. “Aqui nós encontramos a práxis de todos os sete saberes da educação, a educação libertadora de Paulo Freire, a pedagogia da autonomia... É uma coisa belíssima, você vê as pessoas transformadas. São meninos adultos, com histórias de vidas já transformadas e preocupados em transformar a história de vida dos outros. Isso é extraordinário”, afirmou o reitor ao compartilhar suas impressões.

Henry Campos, reitor da UFC
O Secretário da Educação destacou a importância da experiência da EEEP Alan Pinho Tabosa para o aperfeiçoamento da qualidade educacional:


quinta-feira, julho 02, 2015

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