A exposição itinerante "PRECE 20
anos" aportou, neste fim de semana, em Canafístula. Precistas de diversas
gerações compareceram a abertura da mostra. Na noite de sábado, 20, Noberto, um dos sete estudantes que iniciaram o PRECE, juntou-se aos novos estudantes em uma roda de conversa sobre o papel da Escola Popular Cooperativa (EPC) de Canafístula. Além
de rever as ações realizadas, a exposição deseja despertar a reflexão sobre as
ações atuais. Para Noberto, doutor em
química e professor da rede estadual de ensino, a pedagogia do PRECE é o exemplo.
O PRECE não é discurso, mas sentimento. As falas só se validam quando as ideias
estão enraizadas, o sentir e o pensar impulsionam o corpo à ação.
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Montagem da Exposição |
No domingo, 21, a EPC abriu à
comunidade as portas da exposição. Clésia Costa, irmã de Noberto, professora da
escola local, colaborou com a montagem da mostra. “É muito importante. Quando eu vi, achei que
não era. Achei que poderia ser um trabalho em vão, mas não é”, confessa a professora,
que percebe o Memorial do PRECE como uma forma de compartilhar as ações do
PRECE com as novas gerações. As histórias têm como missão motivar, defende
Genival Barros, estudante de Canafístula que chegou ao PRECE ainda em Cipó, em
1996. “Nossa história está aqui contada, mas, muitas histórias ainda poderão ser
contadas por outras pessoas”, hoje, agrônomo da Secretária de Agricultura de
Apuiarés, Genival acredita que o diferencial das histórias precistas é o
retorno às comunidades de origem, o importante é “buscar uma universidade
pública de qualidade para retornar e contribuir com a comunidade”.
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Roda de conversa com a comunidade |
Canafístula
Localidade rural de
Apuiarés, a 122 Km de Fortaleza, Canafístula tem a iniciativa comunitária entrelaçada à
história de sua constituição. Com ares de vilarejo, a sua ocupação data da segunda
metade do século XIX. Em dissertação
apresentada ao curso de Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade da
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Meirejane Gomes, conta sobre as ações de
famílias da localidade para continuarem naquele canto do mundo. Encrustada no
sertão cearense, a comunidade nem sempre tem a natureza como aliada. O desafio
de subsistir ao clima tórrido despertou a necessidade de se organizar para se fazer notar perante o poder público.
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Canafístula |
Vizinha do município de
Pentecoste, Canafístula logo ouviu falar do que acontecia em Cipó, em 1994.
Noberto, um dos estudantes que vivia em uma casa de farinha desativada, era dali. O exemplo de
Noberto atraiu mais canafistulenses àquele local. 10 anos depois, em
2004, o PRECE chegou à Canafístula. Com orgulho, a localidade fala dos seus
letrados e dos doutores que encontraram naquelas areias um abrigo para os sonhos, com os quais fertilizaram as suas identidades. Todo canafistulense, de algum
modo, é precista.
A memória e a ação precista
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Cláudio Bezerra, precista |
O “PRECE não é só estudo, é vida”, lembra Cláudio
Bezerra que se identifica como agricultor, estudante e precista. Para Cláudio,
irmão de Noberto, o maior objetivo não deve ser a universidade, mas sim,
transformar-se, libertar-se da ignorância, e para isso é preciso está aberto ao
outro. Sem o outro não há o PRECE. “Eu sinto o PRECE meio distante. Hoje as
pessoas valorizam mais os bens materiais, as tecnologias do que o contato
físico, e isso não são apenas os jovens”, provoca Cláudio, que defende o contato,
as trocas, a ajuda mútua, a compaixão e a solidariedade como elementos constituidores
do PRECE. “A gente trabalha a vida, sai do papel e vai para a parte física, a
mentalidade. Eu mudei a minha forma de vida, a minha mentalidade”, acredita que
a exposição recorda não apenas as histórias, mas o motivo do PRECE existir. Esse projeto serve “para os veteranos acordarem,
porque estamos querendo esquecer o PRECE atuante, do contato físico com as
pessoas”, continua a provocar.
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Emanuele, Vitória e Samira participam do projeto Estudante Cooperativo |
Estudantes do ensino fundamental da
escola Nely Ribeiro Luz, Emanuele, Vitória e Samira participam do Estudante
Cooperativo, projeto desenvolvido pela EPC Canafístula. A exposição foi o primeiro contato das três com a história
precista. Mônica Gomes, precista, estudante de Administração Pública e colaboradora da
EPC, diz que a mostra itinerante promovida pelo Projeto Memorial do PRECE, é um
meio de motivar essa turma nova. A universitária diz que as ações desenvolvidas pela EPC acontecem e os
novos estudantes participam sem reconhecerem o PRECE nessas atividades. Para
Emanuele, o Estudante Cooperativo a ajuda com o português e a matemática, mas, principalmente, é o espaço onde ela pode pintar e imaginar um mundo com as cores e as
formas que desejar. Samira fala que antes de chegar à EPC ouvia dizer que ali
era lugar de escrita e de arte. “E é isso mesmo, Samira?”, “É!”. O PRECE, para
as duas, é sinônimo de criação, é um se mover pela imaginação.
A Exposição "PRECE: 20 anos de protagonismo, cooperação
e solidariedade" ficará até 03 de julho na EPC Canafístula, em Apuiarés.
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