Há 36km do centro de
Pentecoste, município cearense, moradores da comunidade rural de Boa Vista
realizaram, às 19h30 de sábado (18), uma roda de conversa sobre a importância do
trabalho comunitário. A Escola Popular Cooperativa (EPC) Boa Vista abriga, até
o dia 31, a exposição itinerante “PRECE 20 anos”. Reunidos para a abertura da mostra na
comunidade, a equipe do projeto “Memorial do PRECE” e moradores da localidade compartilharam
histórias de transformações pessoais.
Roda de conversa na abertura da exposição "PRECE 20 anos" |
Para o agricultor Audir
da Silva, o PRECE representa recomeço, uma nova chance de estar próximo de sua
filha, Ana Raquel. Com 9 anos, Raquel viu os pais se separarem e o convívio com
o pai interrompido. Mãe e filha viviam em Palmácia, no maciço de Baturité, e Audir, em Boa Vista. Após
concluir o ensino médio, persistia a vontade de continuar a estudar, mas as
alternativas pareciam poucas, até surgir o chamado do pai: “Raquel, se tua mãe
aceitar tu ir lá pra casa, lá tem o PRECE, lá eu conheço muito gente que já
passou por lá e o PRECE dá muito oportunidade pra quem quer estudar”. A mãe
aceitou e a menina foi. Ana Raquel cursa psicologia e todo fim de semana está
na casa do pai. “Tem
gente que não conhece o PRECE, se conhecesse pra vir estudar, como a Raquel veio,
muita gente mudava de vida”, diz Audir entre sorrisos.
A
caminho de Boa Vista
O único meio de chegar à
Boa Vista, para quem não está com automóvel, são os carros de feira, conhecidos
como paus-de-arara. No centro de Pentecoste, as ofertas são abundantes e cada veículo
tem destino certo. “Esse carro aqui é do Carlinhos, ele vai pra Boa Vista. Quem
é que vocês têm lá?”. Com o escambo de informações, logo se encontra o
transporte certo para o destino desejado.
A professora Rafaela com o filho Iure, Maria Luca e Hosana |
“Vocês conhecem o
PRECE?”, a resposta afirmativa é dada em coro. Maria Luca, Hosana e Rafaela são
moradoras da comunidade de Tamarina, vizinha à Boa Vista. No início da prosa, Maria
e Hosana informam que não apenas conhecem o PRECE, mas que são mães de precistas.
Entre a parada para a compra de galinha e a troca de receita de doce de leite,
que não deve ser feito com leite coalhado, contam sobre os feitos dos filhos: “O
Valdey se formou em agronomia e voltou pra tentar cultivar uma plantação na
nossa terra. É pequena, mas é nosso pedaço de chão”, ao chegar à Tamarina, Maria
chama o filho e o apresenta aos perguntões que a acompanharam na viagem.
Despediram-se com a promessa de “tentar aparecer” na abertura da exposição. Elas
não foram.
Educação
Solidária e Cooperativa
Estudantes respondem: Por que sou precista? |
À tarde, às 16h, os
estudantes e os facilitadores da EPC Boa Vista reuniram-se para discutir o que
os fazia precistas. Há dois meses, movida pelo exemplo da irmã Adriele, Andréia
chegou à EPC em busca de estudar. A mãe; o primo Leandro, precista e professor
de matemática da Escola de Educação Profissional de Pentecoste, e a irmã,
estudante de administração na UECE, a incentivaram a procurar o auxílio do
PRECE. Na EPC, Andréia encontrou histórias semelhantes a dela e uma forma nova
de estudar. “É isso que me leva a continuar estudando, porque não só sou eu que
concluí o ensino médio e aí passei um tempo parada e depois disse que quer voltar
a estudar: o que é que vou fazer? Todo mundo dizia: Andréia vai pro PRECE! Todo
mundo que quer aprender vai pro PRECE”.
A
Exposição "PRECE: 20 anos de protagonismo, cooperação e
solidariedade" estará até 31 de julho na EPC Boa Vista, em Pentecoste.
Seu Zé Alfredo (agricultor de Boa Vista que ia estudar em Cipó) com a mãe, Maria Firmino |
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